A Pesquisa foi feita na Inglaterra pelo British Productivity
Institute e perguntava quais as características principais de um bom
Consultor e, também, por que afinal as empresas nos contratam. Aliás,
aqui no Brasil também se fez Pesquisa sobre o Perfil desses profissionais* ,
com viés semelhante e descobriu-se, em ambas oportunidades, algumas respostas
significativas, como segue.
1. A Empresa Econômica
Observou-se, inicialmente, que as características procuradas num
Consultor têm muito a ver com a importância, a urgência e o tipo de problema em
pauta. Assim, por exemplo, no passado recente e ainda para muitas
Organizações atuais, o foco era a eficiência e a produtividade– fazer
mais e mais barato–, como já recomendavam, lá atrás, os precursores Taylor, Gantt
,Fayol etc. Dessa preocupação surgem os projetos de organização e
métodos, tempo e movimento, controle e redução de custos e, mais
recentemente, a Reengenharia, além, é claro, das mudanças na área
da “ginástica” financeira a partir de Fusões, Incorporações e demais
malabarismos e piruetas. E isso pela importância da diluição dos custos fixos,
da produção em massa e da capitalização das empresas. Neste tipo ou etapa da
vida de uma empresa, destaca-se o cliente-econômico– ou se quiserem, até
meio que “pão-duro”–, preocupado especialmente com suas margens de lucro e o
resto é o resto.
2. O Pessoal, como fica?
Foi a partir dos anos 40. De repente, com o crescimento da força
sindical e o reconhecimento da importância da motivação e da eficiência, agora
não mais da máquinas e linhas-de-produção, mas de quem as operava e
gerenciava, e a partir, ainda, das pesquisas de Elton Mayo– e indiretamente as
de Maslow– , passou-se a dar maior importância ao campo das Relações Humanas (
e das “inhumanas”!). Com isso, passou o Consultor a intervir em programas de
motivação e seus adereços como a Avaliação de Desempenho, Cargos e Salários,
Programas de Sugestões etc.E, como é claro, o Consultor seguiu a tendência
ocupando-se e se envolvendo cada vez mais na área da Psicologia e Comportamento
Social das Organizações.
3. O Cliente exige!
De repente, nova sacudida nas Consultorias. Provocado em grande pare
pela sova que os japoneses de então deram nas empresas norte-americanas–
notadamente nas automobilísticas– o centro dos acontecimentos oscilou da
Produtividade para a Qualidade, da eficiência para a eficácia, aprendendo-se
com Juran, Crosby e outros que não adiantava produzir barato coisa ruim
de vender. Assim, a explosão dos Programas ISO– disso e daquilo–,
passaram a dominar o mercado de serviços de consultoria, já que o cliente agora
se conquista e se fideliza, não mais só com o preço, mas, sim, pela segurança,
manutenção, durabilidade, confiabilidade, design e conceito do produto ou
serviço, além da “satisfação” –algo meio indefinido– , da
clientela. Na verdade, o Cliente passa agora a ser majestade e exige
vênia, atenção, sofisticação e respeito.
4. Informação e Conhecimento
Mas a coisa continua mudando e com isso a preocupação central e o
trabalho do Consultor também. Nascia, com o apoio e badalação do guru
Peter Drucker e outros, a “Era da informação”–, turbinada pela
tecnologia digital e a comunicação virtual– Steve Jobs & Bill Gates?–
e mais que tudo, pelo reconhecimento da importância do Capital
Intelectual que é, finalmente, quem transforma informação em conhecimento e
este, mais adiante, em Inovação.
Valoriza-se, assim, mais que todos, o recurso da Informação e, com ela,
o que é mais difícil de comprar, que, afinal, dinheiro se empresta,
estruturas e tecnologia estão à venda, mas cadê “gente” para fazer,
manter, consolidar e inventar tal mudança? Daí, e na sua esteira, passa o
Consultor a colaborar na implantação dos Serviços de Intranet, Comunidades de
Praticas, Organização do Data Base etc ou seja, um magnífico elenco de
instrumentos e modernas praticas de gestão.
5. O Desafio da Inovação!
Parou por ai? Nada! Pois agora, um novo guru da Ciência da
Administração– Gary Hamel–afirma, convicto que o “busílis” do negócio é a
Inovação– confirmado, aliás , pela Pesquisa inglesa. E que não têm mais
sentido estratégias de mudanças cosméticas, simplesmente
incrementais– envolvendo produtividade, qualidade, o que seja–, já
que o planejamento das organizações, até de curto prazo, deve,
necessariamente, passar pela perseguição constante da inovação, agora
institucionalizada criando-se, inclusive, um “Departamento de
Inovação”, e traduzindo Criatividade em valor de
mercado e em benefícios que surpreendam o cliente. Enfim, investir até em
novidades incertas e desafiadoras, levando o Brasil, por exemplo, a desistir
do nosso bilionário pré-sal– perigosamente poluidor,
aliás–, concentrando-nos, entre outros, no desenvolvimento do carro
à célula de hidrogênio cujo protótipo, além do mais, já roda, sem emitir
CO2 algum, pelas ruas de Los Angeles?
6. O Cliente-juiz?
Finalmente, copiando a Alemanha, pioneira desta postura, ventos
diferentes– os da Ética–, estão prometendo turbilhonar o mundo
empresarial. É que naquele país o “jabaculê” da propina e corrupção já é
dedutível para efeitos de Imposto de Renda, desde que a empresa “abra o jogo”
e se autodenuncie– espécie de “delação premiada”.
Pois não é que agora– imaginem! –, aqui pelo Brasil promulga-se a
Lei 12.846 que, justamente, pretende responsabilizar empresas e seus
dirigentes, eventualmente envolvidos na corrupção de órgãos da
Administração Pública, em geral. E a coisa até já acontece por
aqui, quando empresas multinacionais, como a Siemens do Brasil, bota a boca no
mundo e denuncia corrupção ativa nos negócios dos trens urbanos,
por aí afora. E com isso, ocorre-me que agora vão entrar na moda os Consultores
em Ética e Governança, sendo que, desta vez o guru bem que poderia ser o
próprio Papa Francisco, que está a varrer com a vassoura da Ética, os
sagrados corredores do Vaticano.
7. O Consultor antenado
Que importa tudo isso, a nós Consultores? Ora, tais mudanças não
acontecem ao mesmo tempo, e até passam, desapercebidas e se superpõem,
acompanhando a Teoria das famosas “Curvas S”, que explica como uma variável
econômica cresce em importância, alcança seu patamar, e é logo
substituída por outra, bem escondidinha até então e, com isso, mais uma
vez, o desafio da Consultoria é ajustar sua intervenção aos degraus da
sua EME– Escada de Mudança Organizacional, conforme a
seguir:
PRODUTIVIDADE-RELAÇÕES HUMANAS-QUALIDADE-INOVAÇÃO-INFORMAÇÃO-ÉTICA
8.Enfim…
Assim, o trabalho do Consultor vai – as Pesquisas confirmam – das tintas
pretas e materiais da Produtividade às cores brancas e diáfanas da Ética.
Mas fato é que toda e qualquer Organização tem mesmo é uma “cor” meio que
cinzenta e cabe ao Consultor que tom de cinza deve ele eleger e colorir
suas intervenções pois é justamente isso que a empresa-cliente
procura, privilegia e contrata.
Fonte: Paulo Jacobsen
Professor e Consultor